Cabelo no Chão, na Escova e no Banho: Quando a Queda Passa dos Limites
É difícil encontrar alguém que nunca tenha se preocupado ao ver fios de cabelo espalhados pelo chão ou acumulados na escova. Na maioria das vezes, essa cena é perfeitamente normal. Afinal, perder entre 50 e 100 fios por dia faz parte do ciclo natural do cabelo.
O problema começa quando essa quantidade aumenta visivelmente, o couro cabeludo começa a ficar mais aparente e, junto com os fios, a autoestima também vai embora.
Mas o que será que causa essa temida queda de cabelo? A resposta pode surpreender, porque há muitos fatores por trás disso — alguns simples, outros mais complexos.
Entendendo o Ciclo Capilar: Quando Cair é Normal
Antes de entrar nos motivos que levam à queda, é essencial entender como funciona o ciclo de vida do fio de cabelo.
O cabelo passa por três fases principais:
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Fase Anágena (crescimento): é a fase mais longa, que pode durar de 2 a 7 anos. É quando o cabelo cresce ativamente.
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Fase Catágena (transição): fase curta, de algumas semanas, onde o crescimento desacelera e o folículo se prepara para o repouso.
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Fase Telógena (queda): o fio se desprende do couro cabeludo para dar lugar a um novo fio, e a queda acontece naturalmente.
Ou seja, perder fios diariamente é completamente normal. Porém, quando algo desequilibra esse ciclo, a fase de queda pode se prolongar ou ocorrer de forma anormal, resultando na perda excessiva de cabelo.
As Causas Mais Comuns da Queda de Cabelo: Nem Sempre É Tão Óbvio Assim
Existem inúmeras causas possíveis para a queda de cabelo, e nem sempre a origem do problema é fácil de identificar. Por isso, é importante observar outros sinais e, se necessário, buscar ajuda profissional.
Aqui estão algumas das causas mais frequentes:
1. Estresse: Quando a Mente Reflete nos Fios
O estresse, especialmente quando prolongado, é um dos grandes vilões da saúde capilar. Situações de tensão, ansiedade e nervosismo podem desencadear um tipo de queda chamada eflúvio telógeno.
Esse tipo de queda é caracterizado por um grande número de fios que entram precocemente na fase de queda. Normalmente, o efeito não é imediato; o cabelo costuma começar a cair de forma acentuada cerca de 2 a 3 meses após o evento estressante.
Felizmente, quando a causa é controlada, o quadro tende a se resolver em até seis meses.
2. Deficiências Nutricionais: Quando Falta Nutriente, Sobra Queda
O cabelo depende de uma série de nutrientes para crescer saudável. Por isso, deficiências nutricionais podem afetar diretamente a saúde capilar.
As mais comuns incluem:
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Ferro: sua falta é uma das principais causas de queda capilar, principalmente em mulheres.
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Zinco: essencial para o fortalecimento dos fios.
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Vitaminas do complexo B: especialmente a biotina (vitamina B7), fundamental para o crescimento capilar.
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Vitamina D: ajuda na renovação celular e no ciclo do folículo.
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Proteínas: afinal, o fio de cabelo é formado principalmente por queratina, uma proteína.
Dietas muito restritivas, alimentação desequilibrada e problemas de absorção intestinal podem causar essas carências.
3. Alterações Hormonais: O Fator Que Muda Tudo
Os hormônios exercem enorme influência sobre o ciclo capilar. Por isso, qualquer alteração hormonal pode afetar o crescimento e provocar a queda.
Alguns exemplos comuns:
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Problemas na tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo)
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Síndrome dos ovários policísticos (SOP)
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Pós-parto: muitas mulheres experimentam queda de cabelo acentuada nos meses após o nascimento do bebê, também por conta do eflúvio telógeno.
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Menopausa: a redução dos hormônios femininos, como o estrogênio, pode favorecer o afinamento dos fios.
4. Alopecia Androgenética: A Famosa Calvície Hereditária
Esse é um dos tipos mais conhecidos e temidos de queda de cabelo, tanto entre homens quanto mulheres.
A alopecia androgenética é causada pela sensibilidade genética dos folículos ao hormônio DHT (derivado da testosterona). Com o tempo, os fios vão afinando até que o folículo deixe de produzir cabelo.
Nos homens, costuma começar com entradas na região frontal e na coroa. Nas mulheres, o afinamento ocorre mais difusamente no topo da cabeça, sem necessariamente provocar calvície completa.
5. Uso de Medicamentos: Efeitos Colaterais Que Pesam na Cabeça
Alguns medicamentos podem ter como efeito colateral a queda de cabelo, entre eles:
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Antidepressivos
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Anticoncepcionais
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Remédios para pressão alta
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Quimioterapia
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Anticoagulantes
Nesses casos, é fundamental conversar com o médico para avaliar alternativas ou formas de minimizar o problema.
6. Doenças Autoimunes: Quando o Corpo Ataca o Próprio Cabelo
A alopecia areata é um exemplo de queda autoimune, onde o sistema imunológico ataca os folículos capilares. Ela causa falhas circulares ou ovais no couro cabeludo, que podem regredir espontaneamente ou exigir tratamento médico.
Outras doenças autoimunes também podem afetar o cabelo, como o lúpus e a psoríase.
Outros Fatores Que Também Merecem Atenção
Além das causas citadas, outros fatores podem contribuir para a queda de cabelo, como:
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Poluição
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Excesso de procedimentos químicos (alisamentos, tinturas, etc.)
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Uso constante de penteados muito apertados (alopecia por tração)
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Tabagismo
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Exposição solar excessiva sem proteção
Queda de Cabelo Tem Solução? Sim, Mas o Primeiro Passo é o Diagnóstico Correto
Diante de uma queda persistente ou severa, o mais importante é buscar um dermatologista especializado em tricologia (área que estuda o cabelo e o couro cabeludo).
O profissional pode solicitar exames de sangue para avaliar deficiências nutricionais, hormônios e outras condições clínicas, além de analisar o couro cabeludo com dermatoscopia.
Em muitos casos, a solução é simples — como melhorar a alimentação, controlar o estresse ou ajustar um medicamento. Já em casos mais complexos, pode ser necessário um tratamento mais longo.
Tratamentos Que Podem Ajudar a Recuperar os Fios Perdidos
O tratamento ideal depende da causa da queda. Algumas opções incluem:
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Suplementos nutricionais: quando há deficiências identificadas.
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Minoxidil: loção ou espuma que estimula o crescimento capilar, amplamente usada em casos de alopecia androgenética.
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Finasterida: para casos hormonais masculinos, sempre com prescrição médica.
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Corticoides tópicos ou injetáveis: para alopecia areata ou inflamações do couro cabeludo.
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Laser de baixa intensidade: tecnologia que estimula o crescimento dos fios.
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Terapias com microagulhamento ou PRP (plasma rico em plaquetas): estimulam os folículos capilares.
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Transplante capilar: indicado para casos irreversíveis, especialmente na calvície avançada.
Cuidados Diários Que Fazem a Diferença no Combate à Queda
Mesmo que o tratamento médico seja necessário, alguns hábitos no dia a dia ajudam a proteger o couro cabeludo e minimizar a queda:
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Lave o cabelo regularmente, sem excesso nem escassez.
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Use shampoos suaves e adequados ao seu tipo de couro cabeludo.
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Evite calor em excesso (chapinha, secador, babyliss).
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Massageie o couro cabeludo durante o banho para estimular a circulação.
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Cuide da alimentação e hidrate-se bem.
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Evite prender o cabelo com muita força.
Cabelo Saudável, Autoestima Renovada: É Possível Voltar a Se Sentir Bem
A queda de cabelo não é apenas uma questão estética — ela mexe diretamente com a autoestima. Homens e mulheres que enfrentam esse problema muitas vezes sentem vergonha, insegurança e até evitam situações sociais.
Por isso, buscar ajuda médica é um ato de autocuidado e coragem.
Com diagnóstico certo, tratamento adequado e paciência, é possível controlar a queda, recuperar os fios e, principalmente, retomar a confiança em si mesmo.
Seu cabelo conta a sua história, mas não define quem você é.
Cuide dele com carinho, mas cuide de si com ainda mais amor.
E lembre-se: queda de cabelo tem solução. Você não está sozinho nessa.